A procura dos profissionais da área de construção civil
pelos cursos de Gestão de Projetos permanece constante e em alta. Segundo José
Carlos Firmino de Campos, professor e coordenador do curso de Gestão de
Projetos do GVPEC – Programa de Educação Continuada da Fundação Getúlio Vargas
(FGV), desde 1991 quando surgiu o curso de Gerenciamento de Projetos, o
principal público-alvo são os engenheiros, arquitetos e projetistas. E o
interesse desses profissionais continua crescente. “A demanda existe devido à
complexidade dos empreendimentos e aos inúmeros itens que necessitam ser administrados
em uma obra”, comenta.
Semestral e com carga horária de 60 horas, o curso oferecido
pelo GVPEC é voltado para executivos em busca de aprimoramento profissional.
“Com o advento do Project Management Institute (PMI) e a divulgação do PMBOK,
conjunto de práticas em gerência de projetos, as empresas perceberam que a
função de gestão de projetos poderia ser aplicada em outras áreas além da
construção civil e indústria naval. A partir daí, a demanda aumentou também
pelos profissionais de outros setores. Hoje, o perfil das pessoas que
frequentam o curso é bem diversificado, com a presença de executivos da área de
logística, jornalistas e até médicos”, comenta Campos.
Outros cursos sobre o tema também são ministrados na
Fundação Getúlio Vargas. Um deles é o ‘GV in Company’, voltado para empresas de
diferentes segmentos que necessitam de conteúdo específico e adequado às suas
prioridades. Recentemente foi inserida a cadeira de gestão de projetos no curso
de pós-graduação da GV Direito - ‘Grandes empreendimentos imobiliários e
infraestrutura’. “Os advogados que trabalham em incorporadoras e construtoras
sentiam a necessidade de entender melhor como funciona a prática de gestão de
projetos em uma obra”, explica o professor.
Um dos principais motivos que levam os profissionais da área
de construção civil a procurarem pelo curso de Gestão de Projetos é a busca por
uma metodologia que os ajude a trabalhar de maneira mais eficaz. “É importante
saber organizar melhor o trabalho, definir e priorizar o que precisa ser feito,
montar uma cronologia assertiva, um orçamento mais confiável, reavaliar os
riscos etc”, afirma o coordenador. E completa: “Percorrer todas as áreas do
conhecimento faz com que os profissionais consigam a melhor maneira de gerir os
projetos”.
Segundo Campos, existem gerentes de projetos que são
engenheiros-residentes – que trabalham e moram na construção – ou pessoas que
atuam na área de planejamento, mas não possuem o conhecimento necessário para
desempenhar a função. Além de arquitetos que buscam mais informação, para que
consigam criar e entregar os projetos de maneira mais assertiva.
Planejamento
De acordo com o professor, a principal função do gestor de
projetos é o planejamento, que norteia todo o acompanhamento e controle da
obra. “Um dos principais desafios da função é a entrega no prazo programado,
com o custo previsto e com a qualidade esperada. Podemos citar como exemplo as
obras que estão sendo feitas para a Copa do Mundo. Como são grandes
empreendimentos e com muitas exigências, é importantíssimo seguir o que foi
planejado. O que não é uma tarefa nada fácil, já que são muitos os itens e
fornecedores envolvidos – estruturas, instalação elétrica, hidráulica,
cobertura, pisos, ar-condicionado entre outros – além da mão de obra operária pouco
qualificada, que também dificulta o andamento do projeto”, observa.
Outro ponto importante no momento de elaborar o
planejamento, segundo o coordenador, é o gestor de projetos já levar em
consideração os imprevistos que poderão surgir no decorrer da obra, evitando
surpresas futuras. “O planejamento não é uma ciência exata, existem desvios. E
quando o gestor de projetos não consegue colocar em prática o que foi
previamente previsto, é necessário trabalhar com o que chamamos de análise de
riscos, que são alternativas para que o projeto continue andando e de forma
eficiente”.
Riscos
As obras da Copa do Mundo são ótimos exemplos do uso da
análise de riscos em projetos da construção civil. “As exigências da FIFA e o
prazo apertado para a entrega das obras, até por questões políticas, alterou e
postergou o planejamento já estabelecido, acarretando em um grande risco de não
conseguirmos entregar os projetos no tempo acordado. Outra questão é que na
pressa de concluir a obra no prazo, podem ocorrer riscos de execução, como
aconteceu com o estádio do Engenhão, interditado desde março por problemas
estruturais”, comenta Campos.
Dentre as dificuldades da função de gestor de projetos estão
a falta de estratégias e objetivos bem definidos para planejar o
empreendimento; ter mais de uma pessoa responsável pelo projeto com poderes
paralelos e não ter dados suficientes e adequados para basear o planejamento.
“A incapacidade de acompanhar e detectar problemas com antecedência, devido à
grande demanda de trabalho existente no dia a dia, acarreta em falta de tempo
para se dedicar ao planejamento. E mais, a escassez de recursos, prazo curto e
ausência de comprometimento da equipe também podem comprometer o resultado”,
conclui o professor.
Campos ressalta ainda que liderança é a palavra-chave para o
sucesso do trabalho do gestor de projetos. “Isso quer dizer: elaborar um
planejamento e fazer com que a equipe cumpra o que foi programado. O que
costuma acontecer é que no momento de execução da obra o cronograma é
esquecido. E liderar nesse momento é imprescindível para que o estabelecido
seja cumprido”, ressalta o coordenador.
Fonte: Redação AECweb / e-Construmarket
José Carlos Firmino de Campos – É bacharel em Engenharia
Civil pela Universidade Mackenzie, MBA em Administração de Projetos pela
FEA/FIA/USP, especialização em Gerenciamento na Construção Civil pela Escola
Politécnica/FDTE - USP, PMP - Project Management Professional pelo Project
Management Institute, professor da Fundação Getúlio Vargas e da Fundação
Instituto de Administração em cursos de Gerenciamento de Projetos, ex-diretor
do PMI – SP, Project Management Institute Brasil.
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