“O que deu certo até aqui, não dará mais!”. Essa constatação sintetiza a angústia que você deve estar sentindo quanto ao seu futuro profissional. Você também deve estar se defrontando com o grande paradoxo da Era do Conhecimento: nunca teve acesso a tanta informação e, ao mesmo tempo, nunca teve tão pouca certeza sobre seu destino.
Jovens estudantes se questionam se devem seguir as carreiras tradicionais insinuadas por seus pais ou embarcar na corrida da indústria da informação abrindo seu próprio negócio. Alguns questionam até se devem continuar estudando. Funcionários de empresas estatais agonizam com as desmobilizações inerentes à privatização. Empregados de negócios antes sólidos acordam sobressaltados com a perspectiva de fusão ou aquisição e de “sobrarem” nesse processo. Pessoas de meia-idade questionam sua atual relação de trabalho e buscam um sentido maior para suas vidas. Aposentados precoces se recusam a sair de cena e querem se sentir úteis e produtivos. Quem não está trabalhando busca desesperadamente uma oportunidade. A maioria das pessoas que está empregada anda insatisfeita com o seu trabalho e com o rumo de sua carreira. Quais as alternativas? O que fazer?
O primeiro passo é reconhecer que ao invés de diante de um problema, você pode estar defronte de uma grande oportunidade. Como pressentiu corretamente Clemente Nóbrega, uma das vantagens da chamada Nova Economia é que a sua falta de lógica está zerando as coisas, nos colocando, de certa forma, em pé de igualdade com os países mais avançados.
A maioria dos negócios estão sendo reinventados. As empresas sobreviventes serão aquelas que conseguirem reinventarem-se num verdadeiro processo de “destruição criativa”. Como consequência precisamos também reinventar nossas carreiras. Chegou a hora de repensar profundamente sobre como assumir as rédeas de sua vida profissional ao invés de viver segundo a expectativa de terceiros.
Comece identificando com clareza seus Desejos, Competências, Ativos e Temperamento e pense em como transformar esse inventário em um “produto” que seja valorizado por clientes. Isso mesmo, por C-L-I-E-N-T-E-S e não pelo mercado de trabalho.
Mas, cuidado! Quando for listar suas competências essenciais fuja daquela velha e desbotada lista de Conhecimentos , Habilidades e Atitudes, um resquício da Era Industrial que se finda. O passado privilegiou o conhecimento técnico e as habilidades interpessoais — quando era importante saber tudo sobre finanças ou marketing ou técnicas de recrutamento e seleção, além de saber trabalhar em equipe, liderar subordinados, fazer apresentações convincentes etc… Esses atributos tradicionais continuam sendo necessários mas não são mais suficientes. Por si só, vão garantir apenas acesso a posições subalternas nos organogramas das empresas de sucesso.
Novas e múltiplas competências – de natureza negocial, empreendedora e de cidadania empresarial — diferenciarão o sucesso do fracasso na vida corporativa do futuro.
Recentemente um amigo ansioso para aumentar sua empregabilidade me consultou sobre algumas competências que decidiu adquirir como parte da sua lista de resoluções para o novo milênio: aprender outro idioma, começar aquele sonhado MBA e vencer o medo de falar em público.
Sugeri que além de tudo isso procurasse cultivar sua intuição, criatividade, integridade e determinação em perseguir objetivos. Essas são algumas das competências duráveis que todos devemos zelar, num mundo onde o conhecimento virou uma commodity perecível e a capacidade de desaprender tornou-se tão importante quanto a de aprender contínuamente. E sugeri que se dedicasse mais a procurar clientes do que empregos insistindo que praticasse mais o conceito de Clientividade™ que o de Empregabilidade.
Seus olhos brilharam e, sorrindo, me confessou que seu sonho era poder “dominar” a Internet para, quem sabe, seguir os passos daqueles que começaram seu próprio negócio.com, deixando de ser empregado.
Argumentei, então, que independente de estar empregado, procurando emprego ou pensando em abrir seu negócio, lembrasse sempre que competência não é sinônimo de conhecimento. Competente é quem agrega valor a um cliente interno ou externo com o conhecimento e as habilidades que possui.
Incentivei-o a prosseguir seu sonho com uma sugestão que também pode ser útil a você: resista à tentação de engaiolar seu futuro em troca da pretensa estabilidade de um emprego. Estratégias de carreiras que foram vitoriosas na maior parte do século XX não oferecem mais a menor garantia de sucesso. A maior de todas as competências que você pode obter será parar de pensar como um empregado e passar a agir como o dono de um negócio, mesmo que você continue na folha de pagamentos de uma empresa. Posicione sua carreira como um negócio que possui clientes internos e externos e que precisa agregar valor a esses clientes. Seja o verdadeiro CEO. de sua carreira! Essa atitude muito facilitará a tarefa de identificar as demais competências que você precisa para ter sucesso nesse mundo em que “o que deu certo até aqui, não dará mais”.
Fonte: site da revista Exame: http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/blog-do-management/2011/11/04/seja-o-ceo-da-sua-carreira/
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