Professor indica gafes de português que são frequentemente
cometidas por profissionais, mas que acendem luz vermelha em situações mais
formais
Algumas gafes no português falado podem até passar “batido”
em situações mais informais. Mas podem atentar contra a imagem profissional em
momentos de formalidade, como entrevistas de emprego e reuniões de conselho ou
diretoria.
“Não há problema em usar determinadas expressões no meio
familiar ou em conversas mais descontraídas, desde que a pessoa consiga adequar
o registro ao nível de formalidade da situação”, diz o diretor superintendente
da Fisk, professor Elvio Peralta.
Ele selecionou os tropeços mais comuns que os profissionais
comentem no português falado. Confira:
1 “Fazem três anos”, no lugar de “ Faz três anos”
Se você nunca cometeu este erro, certamente já ouviu alguém
cometer. O professor explica: “o verbo fazer, quando se refere a tempo
transcorrido, é impessoal.” Deve sempre, portanto, ser conjugado na terceira
pessoa do sigular.
2 “Houveram muitos acidentes”, no lugar de “houve muitos
acidentes”
Este também é uma gafe frequente, de acordo com o professor
Peralta. “O verbo haver no sentido de existir também é impessoal”, diz. Por
isso, da mesma forma que acontece com o verbo fazer (quando se refere a tempo),
o verbo haver, nesse caso, não deve ser usado no plural.
3 “Há dez mil anos
atrás, no lugar de” “Há dez mil anos”
Também é um erro muito comum, diz Peralta. Quem nunca abusou
dessa redundância, pelo menos já ouviu Raul Seixas cantar a música: “eu nasci
há dez mil anos atrás”, que “imortalizou” a expressão. Dizer “há dez mil anos”
é o mesmo que dizer “faz dez mil anos”. Por Isso é redundante combinar “há” e
“atrás” na mesma frase.
4 “Aonde você comprou”, no lugar de “Onde você comprou”
“Aonde” equivale a “para onde”, diz Peralta. O macete para
nunca mais cometer esta gafe é fazer esta substituição. Se couber, está certo.
Se não fizer sentido, use apenas onde.
5 “A nível de” no lugar de “em, na, no”
“É comum encontrar o abuso da expressão ‘a nível de’.
Geralmente são pessoas tentando forjar uma formalidade que não têm”, diz
Peralta. Em vez de dizer que as vendas caíram “a nível de” varejo, diga apenas
que as vendas caíram no varejo, por exemplo.
6 “Eu vi ele” ou “Eu vi ela”, no lugar de: “Eu o vi” ou “Eu
a vi”
“No português brasileiro falado informalmente quase não
existe o uso de próclise”, diz Peralta. Próclise é o uso do pronome antes do
verbo. De acordo com o professor, o Brasil a próclise encontra muito mais
resistência.
Embora o uso de “eu vi ele”, “eu vi ela” esteja mais do que
sacramentado na linguagem coloquial brasileira, a regra gramatical do português
padrão estabelece que o pronome pessoal do caso reto “eu” atrai o outro
pronome. Além disso, vale destacar que “ele”, também pronome pessoal do caso
reto, não pode vir após o verbo. Então, segundo o padrão formal da língua, o
correto é usar pronomes pessoais do caso oblíquo: “eu o vi” ou “eu a vi”.
7 “Não lhe convidei”, no lugar de: “Não o convidei” ou “Não
a convidei”
O pronome oblíquo lhe, raramente é usado no português
brasileiro falado. E quando, alguém resolve apostar neste pronome, há grandes
chances de errar e emprega-lo em contextos inadequados.
“O pronome oblíquo lhe substitui o objeto indireto de uma
frase e, portanto, só é usado com verbos transitivos indiretos”, explica o
professor Peralta. O verbo convidar é transitivo direto (quem convida, convida
alguém), por isso, o correto é preferir os pronomes “o” ou “a”, que substituem
o objeto direto.
Fonte: Site da revista EXAME.
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