Por Julio Augusto Vidotti,
Esta nova geração que está chegando agora ao mercado de
trabalho, denominada Geração Z, já nasceu sob a influência do mundo tecnológico
durante toda a sua vida, e este fato terá um impacto imenso no mundo
corporativo nas próximas décadas.
Eu, que sou da geração dos baby-boomers, lembro-me bem, um
pouco antes da chegada da geração X, quando então diziam estarmos influenciados
pela tecnologia. A preocupação de meus pais e dos adultos daquela época era em
relação ao tempo que gastávamos em frente à televisão.
Depois, com os jovens da geração X, as preocupações passaram
a ser com o tempo gasto com a televisão e os videogames. A geração posterior, a Y, com o tempo na
frente dos computadores além da TV e dos games, e esta nova geração Z com o
tempo gasto em todas estas mídias tecnológicas e principalmente nas redes
sociais. Ou seja, a influência da tecnologia, desde aquela época, está presente
no dia a dia de todos.
Mas, quais seriam estas influências tecnológicas no
comportamento das pessoas? Se pararmos para pensar, houve uma grande
transformação no modo de ser da população baseado nestas experiências. Já para
o mundo empresarial, somos muito mais produtivos em um dia de trabalho do que
éramos no passado. Essa é a primeira impressão que temos quando paramos para
fazer esta avaliação. As tecnologias nos ajudaram a melhor nos comunicarmos, de
forma mais rápida e eficaz.
Mas a questão é como tratar estes jovens que trazem novos
hábitos e comportamentos em relação ao modo de se comunicarem, sendo que, quando chegam às empresas encontram um modelo
completamente diferente do que aprenderam em suas vidas pessoais. O que fazer
diante disso?
Do lado dos jovens, eles deverão se esforçar para entender e
aceitar o modelo já utilizado nas organizações, caso contrário enfrentarão
dificuldades com outros colaboradores e gestores atuais.
No ponto de vista dos jovens, eles aceitarão o modelo
adotado nas empresas apesar de considerarem retrógado, uma vez que, pela falta
de afinidade com o uso de emails, acreditam que a comunicação instantânea seja
muito mais produtiva e eficaz para o mundo corporativo.
Do lado das empresas, haverá uma resistência e um choque com
estas novas ideias, sendo que, os gestores terão que ampliar suas visões de
forma a compreender que dificilmente conseguirão moldá-los totalmente ao modelo
antiquado, e que as influências da comunicação instantânea e das redes sociais
acabarão por alterar o comportamento de outros no mesmo ambiente.
E com o tempo as coisas foram se aprimorando sendo que, hoje
em dia, o celular também reuniu tudo em um único aparelho com os smartphones,
passando da simples comunicação por voz, para a comunicação por mensagens, com
acesso a internet, e também às redes sociais.
Mas será que já não existem maneiras de gerenciar esta
transição de comportamentos e influências que naturalmente ocorrerão no mundo
corporativo?
Pare para pensar que daqui a duas décadas, ou até antes,
estes mesmos jovens passarão a ocupar posições de liderança. E logicamente
adotarão novos métodos de comunicação que com certeza não estarão baseados no
atual processo de emails.
Seria o fim dos emails nas organizações? Com certeza sim, o
email foi criado dentro de um modelo de transações offline, e não sobreviverá
por mais tanto tempo. O mundo hoje requer uma comunicação instantânea. As
organizações, por sua vez, exigem critérios de confidencialidade, restrições de
acesso e segurança, atrelados a qualquer que sejam estas novas modalidades.
As redes sociais continuarão a existir no mundo externo às
organizações, continuando sendo utilizadas pelas empresas para a geração de
demanda com consumidores, com algumas transformações futuras.
A adoção das redes sociais dentro das organizações levará muito
tempo, visto que, as empresas seguem um modelo de sociedade em linha,
hierarquizadas, e tem uma cultura organizacional única que deverá ser
preservada. Para um modelo social de colaboração nas organizações, o modelo de
gestão e a cultura da empresa precisará se transformar, pois exigirá uma
sociedade em rede, onde a colaboração poderá prevalecer sobre os modelos atuais
hierarquizados. E estes jovens, com certeza, assim o farão.
Diante deste cenário e com a chegada destes jovens como os
novos colaboradores no mundo corporativo, deveremos estar prontos para iniciar
esta transição. Devemos experimentar novos modelos baseados em Rede
Empresarial, em que a ‘Informação’ passa a ser o foco principal da comunicação
empresarial. Quando essa informação for relevante para a empresa deverá ser
diferentemente administrada de forma a poder ser encontrada a qualquer momento
a partir de mecanismos já existentes de buscas inteligentes em bases de
conhecimento internas às organizações.
Estamos diante de uma nova realidade que inicia uma
transição de comportamento nas organizações, com modernos mecanismos, de forma
que se encurtem as distâncias de uma geração para outra.
Sobre o Autor:
Julio Augusto Vidotti
é CEO da NewAgent, empresa desenvolvedora de plataforma de Comunicação
Empresarial, desenvolveu carreira na IBM, foi fundador da BPsolutions, é Alumni
AMP da Harvard Business School, e membro do HBS Alumni Angels
Club Brazil.
Fonte:
Site da revista Harvard Business Review Brasil
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