Por George Kohlrieser
Muito do que é escrito hoje sobre a liderança foca no que
líderes de alto nível devem fazer, o que é certamente benéfico do ponto de
vista teórico e aspiracional. Mas o que realmente preocupa os líderes no
dia-a-dia são os seus próprios erros. Eles erram, mas não por serem pessoas
más, mas porque, frequentemente, se atrapalham devido à falta de conhecimento,
maus hábitos ou muito estresse.
Os erros mais comuns – e, não coincidentemente, os mais
danosos – acontecem por causa de interações pessoais equivocadas. Seguem 10
erros que líderes cometem com as pessoas que tenho observado e que, certamente,
você também:
1. Não dedicar tempo suficiente para criar laços com as
pessoas. Um líder que não está humanamente interessado nas pessoas já começa
com o pé errado. Um líder conceitualmente interessado nos outros, mas que não
dedica tempo para criar laços com elas, tende a não ter sucesso em suas
relações – seja com empregados, colegas, clientes ou acionistas. Um laço é uma
profunda ligação emocional, diferente de simplesmente gostar de alguém. Na
verdade, você não tem que gostar da pessoa para se relacionar com ela, mas tem
de conhecê-la e entender o que a motiva. Isso leva tempo e vai além do simples
trabalho diário.
2. Ser indisponível e inacessível. De fato, líderes precisam
delegar tarefas. No entanto, delegar não significa se distanciar
emocionalmente. Líderes que atribuem tarefas e se desligam completamente do
projeto acabam abandonando sua equipe. A boa atribuição de tarefa depende de
acessibilidade e conexão contínua. Você pode manter um tipo de ligação ao
sinalizar que está disponível, o que não significa que atenderá imediatamente
todas as solicitações. Você deve criar canais de comunicação e explicar as pessoas
como usá-los.
3. Não focar no desenvolvimento de talentos. Frequentemente,
os líderes focam exclusivamente na realização dos objetivos da empresa e acabam
negligenciando a necessidade inerente do ser humano de aprender. As pessoas
querem expandir suas habilidades e competências ao fazer seu trabalho. Entenda
que a aprendizagem é fundamental para atingir resultados. Quando você prioriza
o aprendizado, você se torna um grande líder, que sabe detectar e desenvolver
talentos escondidos nas pessoas. Ou seja, você se transforma também em um
caçador de talentos.
4. Não dar feedback sobre o desempenho. As pessoas têm alto
desempenho apenas quando se deparam com sua eficácia. Líderes muitas vezes
ignoram essa necessidade e assim as privam de seus futuros. Um feedback honesto
pode machucar, mas os grandes líderes sabem como relevar e transformar essa dor
de tal forma que as pessoas acabam agradecendo, e pedindo mais! Pessoas
talentosas – aquelas que querem aprender – preferem “tomar tapas na cara com a
verdade do que serem beijadas na bochecha com uma mentira”. Desenvolva sua
capacidade de falar a verdade doa a quem doer e, assim, possibilitará um melhor
desempenho.
5. Não considerar as emoções. As emoções mais fortes estão
relacionadas à perda, decepção, fracasso e separação. Na verdade, pesquisas
indicam claramente que a perda, e até mesmo o medo antecipado da perda,
influenciam o comportamento das pessoas muito mais do que potenciais benefícios
e recompensas. Líderes que ignoram as emoções da perda e decepção cometem um
erro gravíssimo, que acaba reduzindo em muito o engajamento dos funcionários.
Você pode melhorar muita coisa simplesmente ao se conscientizar destas emoções
e demonstrar verdadeiro interesse nas experiências pessoais do indivíduo.
6. Administrar conflitos ineficazmente. Conflitos não
abordados impedem a cooperação e alinhamento em torno de objetivos comuns. A
tensão, emoções negativas e a polarização se acumulam. Os conflitos tornam-se
“bichos mortos debaixo da mesa”: mesmo com todos agindo como se o bicho não
estivesse lá, o cheiro permeia todo o ambiente. Cabe a você, como líder,
colocar expor o corpo e enterrá-lo da maneira correta, resolvendo o conflito.
Sua recompensa: ¬ um ambiente prazeroso e que pode desenvolver equipes melhores
e mais fortes.
7. Não conduzir a mudança. Sem mudança, nossas organizações,
como todos os organismos vivos, perdem vigor e, por fim, morrem. Líderes que
não impulsionam a mudança colocam suas empresas em sério risco. Explique os
benefícios que as mudanças trarão e saiba que as pessoas não resistem à mudança
naturalmente; elas resistem ao medo do desconhecido ou à dor que a transição
pode trazer. Seu papel é ser uma base segura, que transmite uma sensação de
segurança, estímulo e energia. Em outras palavras, você tem de se importar o
suficiente para incentivar a ousadia. Isto é fundamental.
8. Não incentivar os outros a assumirem riscos. Por
natureza, o cérebro humano age na defensiva e é avesso ao risco. No entanto,
com a prática, intenção e – mais importante – com modelos positivos, as pessoas
podem adaptar sua mente para abraçar os riscos. Muitos líderes incentivam seus
funcionários a permanecerem na área de conforto, ou, como costumo dizer, “jogar
para não perder”. Mas os melhores líderes criam confiança suficiente para que
os outros se sintam seguros e apoiados para assumirem riscos e “jogar para
ganhar”. Esta é uma forma ativa e positiva de se comportar, que promove a
mudança e realização.
9. Motivação mal-entendida. A maioria das pessoas é movida
por “motivadores intrínsecos”: desafios, aprender algo novo, fazer uma
diferença importante ou desenvolver um talento. Muitos líderes não aproveitam
esse sistema de orientação interna, focando em “motivadores extrínsecos” – como
bônus, promoções, dinheiro e recompensas artificiais. Claro, você tem de pagar
as pessoas de forma justa, porém, tenha em mente que tais motivadores externos
distorcem o sistema de motivação interna. Você será um líder melhor quando
inspirar as pessoas e passar a entender o que realmente desejam atingir em
termos de crescimento e contribuição.
10. Administrar atividades em vez de liderar as pessoas. As
pessoas odeiam quando são tratadas como peças de uma engrenagem. No entanto, o
gerenciamento se baseia no controle, administração e planejamento de atividades
e, portanto, de pessoas. A liderança, por outro lado, envolve inspirar,
incentivar e tirar o melhor das pessoas ao criar confiança e incentivar o risco
positivo. Para ser um líder e não apenas um gerente, você precisa pensar nas
pessoas como pessoas. Isso leva tempo e dedicação, e nos remete aos fundamentos
da criação de laços – o erro número um.
Fonte: revistavocerh.abril.com.br
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