segunda-feira, 23 de abril de 2012

Não se faz um gerente de projetos na faculdade

Escrito por Luana Morellato

A área de computação é muito vasta e complexa. Por isso, ao longo dos anos surgiram formações acadêmicas mais específicas, diferente dos tradicionais cursos de graduação em Ciência e Engenharia da Computação - além de especializações focadas em otimização e gerenciamento de projetos. E isso traz grandes vantagens, tanto para quem está estudando para entrar no ramo, quanto para o mercado, que necessita de profissionais qualificados nos diferentes setores que a informática abrange.

Sou professora universitária na área de Sistemas de Informação e conversando com um aluno, ele me disse que não queria programar. Seu objetivo ao fazer o curso era trabalhar com gerenciamento. Fiquei intrigada e decidi conversar com outros professores, até mesmo de outras instituições, para saber se essa opinião era pontual. E, pelo menos em uma pequena amostragem - considerando a cidade onde vivo, percebi que grande parte dos estudantes acreditam que irão trabalhar como gerente de projetos no primeiro emprego.

Acredito fortemente que gerenciar projetos é uma tarefa que inclui, sim, estudos e formação acadêmica na área, mas um fator determinante é a experiência real. Gerenciar é planejar,  re-planejar, ajustar, corrigir, trabalhar com prazos e tomar decisões. Indo além, é lidar com pessoas, gerenciá-las, resolver imprevistos, atrasos, trabalhar sob pressão, em equipe, liderar. Um conjunto imenso de fatores que vão infinitamente além de descrever diagramas UML, fazer entrevistas com clientes, ou chamar a atenção de um funcionário. As experiências reais que você viveu são necessárias. Me arrisco a dizer que o seu lado "humano" é, muitas vezes, mais decisivo que o lado “exatas/ computacional” para ser um bom profissional de gerenciamento.

Ainda na mesma linha de pensamento, pessoas formadas há pouco tempo em cursos tecnológicos de computação buscam, logo depois de formados, uma pós graduação/ especialização na área de gerência. Não que isso seja ruim, ou errado, mas ao entrevistar alguém com essa formação, sem nenhuma experiência de mercado, provavelmente o salário dele e a função serão compatíveis com o curso que ele fez anteriormente e não com o mais avançado.

Não posso afirmar se o que foi relatado aqui é uma realidade geral, ou algo específico. Acredito que a área de computação é muito mais aberta e democrática que as demais. Portanto, não é necessariamente com curso superior X ou especialização Y que o profissional garantirá um bom emprego, um bom salário e o crescimento na profissão. É claro que formação é importante, mas não é somente ela que transformará uma pessoa em gerente – até onde sei, faculdade para isso não existe.

Muitas horas de trabalho, esforço e aprendizado no dia-a-dia vão fornecer ensinamentos fundamentais para ser um bom profissional de informática, seja trabalhando com programação, análise, suporte, gerência de projetos ou qualquer outra função existente.

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